Sábado vi OFF! em São Paulo e amanhã vou ver de novo em Curitiba. OFF! é uma banda muito original e que faz um som inédito dentro do punk e do hardcore.
OFF! tem no vocal Keith Morris, antigão da cena. Keith é um dos inventores do punk nas praias californianas, quando fundou o Panic em 1976, com 21 anos de idade, em Hermosa Beach. Essa banda, depois, mudou de nome para Black Flag e gravou o EP Nervous Breakdown, lançado em 1978. Keith saiu da banda no ano seguinte e fundou o Circle Jerks. Duas bandas absolutas. Com o Circle Jerks, vi Keith em 2009 em São Paulo, num show excepcional. Nos intervalos do Circle Jerks, Keith tocou com o Buglamp (inclusive no tributo Gabba Gabba Hey, da Triple X Records, fazendo Howling at the Moon) e com o Midget Handjob. Nas sessões de gravação do que seria o novo disco do Circle Jerks, em 2009 mesmo, Keith ficou puto e chamou o Dimitri Coats, que estava na produção do disco e com quem estava compondo, para fazer outra banda. Nascia o OFF!, que começou a tocar em 2010 e, em outubro daquele ano, lançou o primeiro EP.
Dimitri Coats é o vocalista e guitarrista do Burning Brides. Essa banda, de 1999, tem influências de grunge, metal e hard rock. Dimitri toca vários instrumentos e tem uma carreira artística bem variada.
No baixo, chamaram Steven McDonald, também antigo da cena punk/hardcore californiana. Steven foi fundador do Red Cross, depois Redd Kross, com Greg Hetson e Ron Reyes (que depois foram respectivamente para o Circle Jerks e o Black Flag), e toca na banda até hoje. Redd Kross tem uma carreira extensa com mudanças no som, que vai do punk/hardcore nos primeiros discos até o grunge, hard rock e rock’n’roll em geral.
Na bateria, Mario Rubalcaba. Mario era do 411 em 1990 e tocou no Chicano Christ em 1991. Dali pra frente tocou em várias vertentes do rock e atualmente está, há algum tempo, no Rocket From The Crypt e no Hot Snakes. Também andou de skate e era do Team Alva no fim dos anos 80.
O grande ponto do OFF! é que são músicos já antigos (Keith, aliás, antiquíssimo), que tocam profissionalmente com bandas muito diferentes entre si, e a mistura de influências, talentos e técnicas cria um som único. É isso: o som do OFF! é único. Não há nenhuma banda parecida nem nunca houve.
Minha coleção particular
99% das composições são assinadas por Dimitri e Keith, o que leva a imaginar que Dimitri, com sua bagagem roqueira, é responsável por boa parte das notas na guitarra e baixo, e Keith pelas “melodias” do vocal. Mario acompanha isso com uma bateria diferente do que a maioria dos bateristas punks/hardcorers costumam fazer: Mario quebra, os pratos nunca param, sempre acompanha as mudanças de nota com porradas nos pratos ou na caixa, ou nos dois (nesse aspecto, lembra o Robo em Jealous Again e principalmente o Bill Stevenson, mas diferente dos dois). E Steven carrega esse som complexo com peso e competência no baixo. Então, OFF! não é Keith Morris e mais três, não é um super cara e músicos acompanhando. OFF! é uma banda de verdade, singular, única.
O som do OFF! é isso: é novo, diferente, complexo, não é hardcore reto, nem três acordes, mas é como se fosse, porque ao mesmo tempo é antigo, conhecido, familiar. Ao mesmo tempo que é novo e diferente, não é difícil de ser digerido. Cai nos ouvidos como se fosse uma camiseta velha que você sempre usou, confortável, gostoso, pega bem, agrada, mas está lavada, novinha, tinindo.
OFF! lembra o início do punk e do hardcore, na época em que as bandas dos EUA podiam ser diferentes umas das outras e isso era vantagem. Ramones, Eyes, Deadbeats, Alley Cats, Bags, Dickies, X, DOA, Black Flag, Suicidal Tendencies, Dead Kennedys, Bad Brains, Social Distortion, Adolescents, TSOL, Circle Jerks, Minutemen, Saccharine Trust, Agent Orange… bandas com sons diferentes e originais. OFF! segue essa linha: se quer me seguir, não me siga, como ensinou Nietzsche.
Uma grande sacada é o nome, sugerido pelo Dimitri e acatado pelo Keith. OFF! é demais. Aliás, é curioso que tanto OFF! quanto Black Flag sejam sprays repelentes ou inceticidas, embora seja bastante claro que, no caso do Black Flag, a analogia seja com anarquia e, no OFF!, com… OFF!
Outra grande sacada foi usar a arte do Raymond Pettibon, responsável pela imagem do Black Flag até os anos 80. Dá um ar familiar, também, mas ao mesmo tempo é novidade. O som e a imagem batem e é uma combinação perfeita. Tudo em preto e branco, tudo direto ao ponto, tudo porrada, os discos não têm nome (primeiro ep, segundo ep, quatro primeiros eps, OFF!, só isso). Exceto o EP Compared to What, que saiu em duas versões, vermelha e azul, e tem nome.
Ver OFF! ao vivo enquanto estão animados, no auge, tocando há pouco mais de três anos apenas, é um privilégio. Os caras estão empolgados e eu também. OFF! é a melhor banda do mundo hoje. É bom demais! Não esqueço o show de sábado e não posso esperar o show de amanhã.
Social Distortion’s drummers – special Christopher Reece
O baterista do Social Distortion na época clássica da banda, época dos discos Prison Bound, Social Distortion e Somewhere Between Heaven and Hell, época do crescimento da banda e do contrato com a Sony, época da turnê com Ramones e tudo o mais, foi Christopher Reece.
Social Distortion’s drummer in the classic years, the times of the records Prison Bound, Social Distortion and Somewhere Between Heaven and Hell, of the band’s growth when they signed to Sony Records, of the tour with the Ramones and everything else, was Christopher Reece.
Christopher é o dono do bar Pike Restaurant, sobre o qual fiz esse post. Christopher is the owner of Pike Restaurant.
Chris começou a brincar com tambores na bandinha da Payson Jr. High School. Ele gostou e a coisa funcionou fácil desde cedo. Inclusive, ele tem uma história de bateristas na família.
O baterista nasceu em San Francisco, em 1959. Seus pais que eram descendentes de pioneiros mórmons que se instalaram em Goshen, Utah – hoje em dia, Chris tem uma propriedade lá onde passa algumas férias com os filhos, para que eles tenham a experiência da “country life” dos EUA. De lá, seus pais, já hippies, migraram para San Francisco e ficaram lá até 1972. Chris nasceu e cresceu na mágica San Francisco dos anos 1960.
Em Utah, Reece teve contato com a música country, o que ajudou quando Mike Ness, na época do disco Prison Bound, quis experimentar esse tipo de som.
Quando acabou a High School, Chris voltou para San Francisco mas acabou em Reno, Nevada, onde fez amizade com Sean Graves (depois roadie do Social Distortion e da banda solo de Mike Ness) e com Bix Bigler (depois do 7Seconds). No porão eles tiravam covers de Ramones e assistiram shows do DOA e do Black Flag no RAD, que era uma garagem nos fundos de uma casa, época em que não haviam clubs que tivessem punk rock em Nevada.
Chris played drums in Payson Jr. High marching band. Something he enjoyed and that came easily. He hás a history of drummers in his family.
He was born in San Francisco 1959 to parents who were descendants of Mormon Pioneers who settled Goshen Utah. Today he owns property there and vacation with his family there for them to experience country life.
His parents were hippies who migrated from Utah to SF. He grew up in the magical 60’s in SF, then family moved to Utah in 72′ to go back and farm family land. Reece was exposed to country music on the radio and being familiar with country classics helped when Mike Ness wanted to explore traditional American music.
After high school he left to return to SF and landed in Reno Nev. around 78′. The drummer had musical buddies like Sean Greaves (who became a Social Distortion roadie and later played in Mike Ness’s solo act) and Bix Bigler (who played in 7 seconds), both from Payson Ut.
They lammed in a basement to Ramones covers and got to see early touring punk bands like DOA and Black Flag, who stopped of in Reno and played while on limited tours. They played at the RAD House which was a garage behind someones house. No clubs existed at those times.
No terceiro dia que o The Masque funcionou em Los Angeles, 28 de agosto de 1977, três bandas tocaram: The Bags, Needles and Pins e The Eyes.
Eyes tocou várias vezes no Masque, inclusive na inauguração do The Other Masque que abriu na Santa Monica Boulevard depois que o original fechou por falta de documentos, em 22 de dezembro de 1978. A última vez que tocaram lá foi logo depois, em 6 de janeiro de 1979, com Simpletones, The Rotters, The Plugz e The Dils.
Originalmente, The Eyes era Joe Ramirez na guitarra e vocal, Charlotte Caffey no baixo e vocal, e DJ Bonebrake na bateria, que tinha vindo da banda Rocktopus e logo em seguida sairia para fundar o X com John Doe, Billy Zoom e Exene Cervenka, além de tocar em várias outras preciosidades, como Knitters e Auntie Christ. A debandada dessa formação do Eyes teve também a saída de Charlotte Caffey para formar The Go-Go’s. Charlotte é casada com Jeff McDonald, do Redd Kross.
Com a primeira formação, gravaram duas músicas para a What? Records, que depois saíram na coletânea What? Stuff: Don’t talk to me e Kill your parents (acima).
Depois, Joe Ramirez continuou com outra formação que gravou o 7″ TAQN (Take a Quaalude Nowb/w Topological Lies). Esse disco teve Jimmy Leach no baixo, Joe Nanini na bateria e David Brown no órgão.
Com a mesma capa saiu, em 2009, um 10″ com essas duas músicas, Disneyland (que tinha saído na coletânea Yes L.A.), Eniwetok (que saíra na coletânea Dangerhouse Volume 2: Give Me A Little Pain!) e duas sobras de estúdio, Research Bee e Go Go Bee.
Joe Ramirez também tocou no Black Randy and The Metro Squad e em algumas das múltiplas formações do Flesh Eaters.
A primeira formação tocou junta mais de trinta anos depois: